21 de dez. de 2007

Fetiche Fashion

Onde começa o Fetiche? E onde termina a Moda? A moda fetichista é um universo imenso, de sexualidade humana, desejos, sonhos e força criativa. Um universo onde designers brincam com a beleza e a libido, trabalhando materiais e formas, acariciando os fetiches e fantasias de seus consumidores, para atingir seu objetivo maior, alimentar essas fantasias e desejos, permitindo que se tornem realidade.
No entanto, a moda fetiche é relativamente nova. Ao menos, com esse nome. Espartilhos há muito fazem parte do imaginário feminino e masculino, participando em fantasias de dominação e disciplina pelo poder que exerce em moldar o corpo de sua vítima, ou simplesmente pela silhueta acentuada que dá ao usuário. Botas, com suas silhuetas longas e brilhantes, principalmente com saltos altos e ameaçadores, também sempre brincaram no imaginário humano como ferramentas de dominação e submissão.
Mas até a década de 70 essa faceta da moda sempre foi obscurecida. Verdadeiros desejos secretos, encubados em muita vergonha e culpa. O fetichismo como conhecemos é tão novo quanto à pornografia. Mas foi da década de 70 para cá, que estamos podendo ver um florescimento de uma cultura pervertida. Você pode atribuir isso aos movimentos de libertação sexual da humanidade, ou a movimentos que levavam o indivíduo a abraçar sua bizarra individualidade, como o movimento Punk, mas independente da versão que prefira, vivemos um mundo cada vez mais sexual, mais livre, e mais e mais fetichista.
A culpa e o recato deixaram de ser preceitos morais. Tornaram-se uma herança indesejada da origem moral cristã do ocidente. E a perversão deixou de ser uma marca negra da decadência, e passou a ser abraçada como nota da sexualidade. E como resultado, hoje qualquer um pode entrar em uma loja da Gucci, e estando na coleção certa, sair sobre um belo espartilho de couro, com botas tão justas e de salto tão alto que parecem se fundir às pernas.
Mas moda fetichista não é Moda Fetiche. Ela se alimenta do fetiche, se inspira no fetiche, mas não tem como alvo satisfazer o fetiche . E é da moda feita para satisfazer o fetiche, da moda sexual, sexuada, que vou falar nessa coluna. Porque a temática fetichista é cruel demais para a moda comum. Saltos altíssimos são incômodos, por isso, designers inventaram as confortáveis plataformas. Que fetichistas elevaram novamente a saltos antes impossíveis, mas que tornam suas usuárias igualmente poderosas e dominantes, e são igualmente dolorosos, uma dor e prazer que só uma fetichista pode entender.
Espartilhos são armadilhas cruéis, que deram seu lugar a Corselettes, mais amenos e suaves… mas só um fetichista entende a diferença entra a mera estética e sua fantasia. Moda fetiche é sexo. É poder. É perversão na sua mais pura forma. E é por isso que vou falar de Moda Fetiche, não Moda Fetichista. Espero que essa introdução seja interessante e excitante, porque para mim é incrivelmente excitante cortejar seu desejo, e tentar moldá-lo em realidade.
Para mim, o design da Moda Fetiche é o design de um objeto de desejo, um objeto de sexo. Vestir uma roupa de fetiche é vestir um fetiche e tornar-se uno com ele. Tornar-se o desejo, abraçar sua perversão. Um brinde aos pervertidos do mundo, e preparem-se para um mundo cheio de cores, cheiros e sensações deliciosas.
Lady Suzana e Jessica são Mestra e escrava, estudiosas da moda fetiche e escrevem para seus respectivos blogs: Um Labirinto Feito de Espinhos e AlienYZada.

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